Phantom Liberty promete corrigir o que Cyberpunk 2077 falhou em entregar | Preview
Jogamos mais de uma hora da expansão e ainda batemos um papo com os diretores Paweł Sasko e Gabriel Amatangelo
Se você acompanhou a indústria de videogames nos últimos anos, sabe que Cyberpunk 2077 fez história – mas, infelizmente, não como os jogadores imaginavam. O jogo teve um lançamento conturbado, sendo criticado por fãs e pela crítica especializada por não ter entregado tudo o que prometia, além de pecar na polidez. Mas conseguiu recuperar o fôlego após atualizações e correções ao decorrer do tempo.
Mas parece que chegou a hora de finalmente “acordar, Samurai”. Phantom Liberty, a primeira expansão de história de Cyberpunk 2077, está a caminho e promete não apenas adições, mas mudanças significativas ao jogo.
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A convite da CD Projekt Red, tivemos a oportunidade de testar mais de uma hora de Phantom Liberty em Los Angeles, enquanto batíamos um papo com Gabriel Amatangelo, atual diretor de Cyberpunk 2077, e Paweł Sasko, diretor de quests do estúdio polonês.
A sessão apresentava uma demo com conteúdo das horas iniciais do DLC, em que tivemos um vislumbre das novidades, mudanças e até do personagem de Idris Elba, ator de Luther, O Esquadrão Suicida e A Torre Negra.
Hora de acordar, Samurai
Phantom Liberty terá uma estrutura similar a Blood and Wine, aclamado DLC de The Witcher 3, em que os jogadores podem jogá-lo a qualquer momento, sem a necessidade de ter zerado a história principal.
A expansão introduz um arco inédito de narrativa em Night City, em que V se envolve em uma guerra política de uma organização que quer “reconstruir” os Estados Unidos, da qual Solomon Reed (Elba) faz parte. Com este contexto, ainda temos um Johnny Silverhand (com Keanu Reeves de volta!) avisando o protagonista de que é uma má ideia.
A parte mais surpreendente, no entanto, é que Phantom Liberty não introduz apenas mais uma história, mas traz mudanças à estrutura e ao gameplay de Cyberpunk 2077 que conhecíamos.
A expansão adiciona um distrito completamente novo à Night City que, apesar de não ser tão grande em tamanho, é denso e repleto de novidades. É nítido que as ruas, NPCs, veículos e lojas foram recriados e que o mundo aberto foi aprimorado, o que foi confirmado pelo diretor.
“Queríamos que Nighty City se sentisse mais ‘viva’, que o jogador percebesse ações e acontecimentos ao seu redor que ele pode interagir se quiser. Então você pode interceptar cargas de contrabandos de armas, se meter na briga de facções ou parar no meio de uma perseguição entre polícia e bandidos. Queríamos que o mundo existisse independente do jogador”.
Foi difícil não perceber como o visual e a animação dos NPCs pela cidade estão totalmente diferentes, dando novos ares à cidade cibernética e mostrando como os desenvolvedores ouviram o feedback dos fãs da época do lançamento.
Além disso, há mudanças mais diretas no gameplay – que, é claro, mantém as armas de fogo e corpo-a-corpo e recursos de hackeamento –, com sistemas inéditos que foram implementados e algumas mecânicas ajustadas.
O visual de V que causou bastante debate, por exemplo, tem um novo sistema de armadura, em que o jogador fica livre para ficar estiloso com as roupas que desejar e manter os status alto ao mesmo tempo. O menu, de forma geral, apresentou várias mudanças, com opções mais claras para o inventário de armas e até um recurso mais simples dos implantes cibernéticos para sinalizar os limites do corpo do(a) protagonista.
Entre outras novidades, há carros com armas acopladas (que são divertidíssimos em combate), mais recursos de hackeamento para netrunner, Ripperdocs mais variados e até uma árvore de habilidade exclusiva, além de uma inteligência artificial (IA) retrabalhada para os inimigos.
Também houve a impressão de que o sistema de escolha de diálogos está mais denso e faz mais jus ao RPG de mesa (criado por Mike Pondsmith) que deu origem ao jogo, uma vez que as decisões do jogador podem gerar consequências imediatas e, mais importante, significativas a todo momento. Você pode tentar convencer dois contrabandistas de armas a te ajudar na lábia, por exemplo, ou partir para combate e coletar os equipamentos – mas “perderá” o que poderia ter acontecido se os tivesse mantido vivos.
Não existe decisão certa ou errada, no entanto, e os diretores frisaram essa ideia, defendendo que toda a proposta de Phantom Liberty é justamente entregar uma experiência única para cada jogador, com direito a uma história com consequências empolgantes e múltiplos finais. Um dos desfechos, inclusive, desbloqueia até um novo final no jogo base!
Cyberpunk 2077 foi criticado por muitos jogadores por prometer elementos densos de RPG e mundo aberto que deixaram a desejar, mas o DLC pretende justamente apertar esses parafusos soltos – e, esperamos, logo em seu lançamento. Uma das falas de Amatangelo durante o teste chamou muito a minha atenção, uma vez que o diretor afirmou que praticamente tudo o que veremos na expansão foi refeito, até mesmo elementos que já existiam no jogo base.
“É difícil pensar em algo que não mudamos do jogo base. Eu ia te dizer que, talvez, as comidas que você encontra pela cidade são diferentes, mas até mesmo isso nós refizemos! [risos]”
Por fim, Elba como Reed está impressionante, com uma cena de introdução que é tão bem construída que empolga em poucos segundos. O personagem será uma peça central da história da expansão, mas o jogador não sabe se pode ou não confiar nele – o que deixa uma boa dose de curiosidade no ar.
Phantom Liberty tem bastante potencial para, enfim, reviver Night City e tirar o gosto amargo do lançamento de uma vez por todas. Só nos resta esperar, enquanto trocamos nossos implantes cibernéticos, para ver!